21/01/14

Prece a Morfeu

Assim como veio,
foi-se Morfeu.
E com ele,
o branco halo que embalava
o meu corpo já livre,
em ascensão.

Foi-se afugentado
a ruídos de cidade,
murmúrio das gentes e
gritos capitais;
noutros sonhos
há o rente crepitar da mágoa
e um rio sereno
de tentação.

E agora, Morfeu?
Quem me salva das palavras
que ferem tanto
e do ranger destas mãos
de ébano tibiado
cheias de ausência?

Volta, volta!
Lança-me o teu manto,
Morfeu,
negro como aquele olhar
de colo deserto,
sombrio como a frágua.
Morto o corpo
deitado, preso de mente,
deixado hoje, só.
Amanhã, teu.








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