12/09/06

Pequena história de um amor grande

Vimo-nos um ao outro, como duas árvores que crescem à espera do toque dos seus ramos, e conhecemo-nos sob a luz da noite, passeando nas encostas mornas de um vulcão parado, e tirámo-nos um ao outro, depois das últimas palavras serem sempre cruas, e os sons despidos nos encantarem os sentidos.

Entornámos os nossos corpos. Fizemos todos os planos e cruzámos todas as ruas, para apenas ficarmos mais um pouco. Fizemo-nos um ao outro, à espera de uma ilha mais próxima, de um dia mais curto, de uma madrugada desperta, e os últimos beijos nunca acabaram.

Morremos mais mortos que amados, e ao passar da hora nunca acordámos, porque as nossas bocas só se abriram porque se derramaram, e fomos ficando para sempre um no outro, enquanto as aragens de Outono chegavam, jorrando as fontes já sem água da terra aberta, ferida, queimada.

Depois, os dias ficaram mais curtos, deitámos nas margens molhadas todos os enganos, e as últimas tardes esqueceram-se de tudo.

Mas desta vez, o último silêncio foi meu.

04/09/06

Um mês depois.

Se as palavras nos faltam, é altura de pensar.

Ou apenas dormir.