18/12/06

Actos - 2

Deixo que me batas mais um pouco, pois então!
Se já me sinto tão oco, que nem a sombra se me aproveita,
Se nem quero uma mão, se é o teu braço que ma deita!

Sabes, já não me custa dar a cara ao sabor da pancada,
mas caramba!:

Já que vais dar, que seja por nada!

01/12/06

Actos - 1

Nessas noites, a porta fechava-se com mais força, e os seus passos eram mais lentos sobre o soalho pesado.
Trepava a cama, subia sobre mim, e nesse instante toda a cidade se silenciava, o tempo perdia o sentido e as palavras deixavam de existir, numa investida, noutra, e em mais uma, final, até que o mundo todo morria cá dentro. Depois, rolava para o lado.
No outro dia, os seus olhos eram baços, sem luz, encortinados no soluço da memória.

Afinal, a pior dor é que não descobre as suas razões.