30/11/12

Elegia a uma árvore distante

Parece pequena,
a árvore distante.
Dispara aves negras
como o ferro ardente
que explode na frieza do gelo.
Nunca poderá ser floresta.
Se voasse,
podia ser bando.
Sem asas, ser  árvore
é por vezes o que nos resta.

12/11/12

Sesta

Frescura da sombra
húmido cavernoso
copa imensa de árvore
onde o orvalho adormece
brisa suave
folhagem densa
palavra de paz
leito poroso
que repousa
ternura de manhã
quando se esquece.

03/11/12

Sombra de ubiquidade

Cinzentos os dias,
mesmo que lá fora
brilhe um sol
azul de inverno
e as janelas se aqueçam
em raios de luz desaguada
no negro da pupila.
Cá dentro, mistério desolado
de sombras e mãos quebradas
palavras ternas derrubadas
ao ritmo infernal
da máquina dos dias.
O hálito da morte
exala perfumes derradeiros
em carcaças já vazias
da boreal aurora.
Cá dentro, lá fora.
Lágrima branda
cheia de lume cintila
matéria, rumor e eco
emerso sussurro, gume
cinzelado no deslumbre
de cidade que destila.