03/11/12

Sombra de ubiquidade

Cinzentos os dias,
mesmo que lá fora
brilhe um sol
azul de inverno
e as janelas se aqueçam
em raios de luz desaguada
no negro da pupila.
Cá dentro, mistério desolado
de sombras e mãos quebradas
palavras ternas derrubadas
ao ritmo infernal
da máquina dos dias.
O hálito da morte
exala perfumes derradeiros
em carcaças já vazias
da boreal aurora.
Cá dentro, lá fora.
Lágrima branda
cheia de lume cintila
matéria, rumor e eco
emerso sussurro, gume
cinzelado no deslumbre
de cidade que destila.

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