29/06/05

Abre-se uma porta, fecha-se um livro...

Como tantas outras vezes, deixei o carro em Sete Rios, num pequeno enclave por entre ruas e palmeiras, junto ao Jardim Zoológico. Ao regressar, duas das portas estavas destrancadas, a do condutor com a fechadura danificada: tinha sido alvo de uma invasão, o meu pobre bólide!

Não me levaram o rádio (não percebo porquê, o leitor de cassetes funciona lindamente e há frequências em que o som quase se percebe com nitidez!), nem o lixo que estava espalhado um pouco por todo o lado, nem a tralha que estava no porta-bagagens - excepção feita a um fato de um colega, que estava lá há quase um mês.
Ah, e sim, a parte insólita da história, deixaram-me de oferta um livro usado e amplamente anotado e comentado a lápis, "Na margem do Rio Piedra sentei e chorei", do Paulo Coelho - como se não bastasse a fechadura estragada!

De facto, uma desgraça nunca vem só...

28/06/05

Um imenso deserto ...

As nossas partilhas são opções cujos percursos por vezes não compreendemos, e cujas consequências trazemos arrastadas na imensidão das noites.

Na cama, é onde tudo começa e acaba, onde partilhamos e nos partilhamos. Da cama fazemos ponto de chegada, na antecedência de novas lembranças, e de lá observamos na penumbra as formas indistintas dos corpos que partem.

Que a renovação seja completa, quando, um dia, nos decidirmos a abandonar o casulo dos lençóis, e nos entregarmos aos mistérios das substâncias puras. E que as novas alquimias descubram o ouro dos magos na transformação das palavras, pois que só elas encurtam as distâncias.

"Espero sentido, sentado,
Por ti, a meu lado, e nada acontece

Escuto, enquanto me tiras
O ar que respiras quando adormeces
E fico de novo guardado
No quarto pesado, princípio de fim

A cama,
É um imenso deserto
Onde estamos tão perto

E ficamos assim
"
RF.