25/02/13

Limiar da despedida

Palavra contra palavra
Boca contra boca
um afago de luz sorvida
ao despontar do crepúsculo.

Vai-se então a barca da noite,
serena
limiar
despedida.

06/02/13

ao sul o pó

Fecha os braços
não é já tempo
de colher as flores
aceita o embalar
da brisa já fria
e o prenúncio
de outros tempos
do porvir.

Recolhe as mãos
casulo só
de pele e ossos
triste caverna
onde o sol tocou um dia
sem demora.

Olhos baços
um pé de vento
no morrer das dores
afeita o enredar
da camisa sombria
colete-anúncio
de loucos desatentos
por ouvir.

Olhos sãos
ao sul o pó
quem vele os nossos
riste lanterna
onde o fole da poesia
já não mora.





03/02/13

Dos prados, da espera

Os prados
a perder de vista
o orvalho que pende
e a neve falida
uma valsa
no piano,
fá, mi, dó
ar de nostalgia
tecla que prende
sol e só
e a espera
partida
melodia
que se rende.