20/10/11

Uma linha de horizonte

Sonhei que íamos num barco
convés despido,
mas sem vista de horizonte.
Apenas bruma,
branca de palavras.

Então, apeadeiro breve,
terra firme
- era uma outra ilha,
continente.

À partida da nave, saltei.
Na sua face, que zarpava,
apenas surpresa
- não aceno.

Havia perto um velho
e uma parede negra recoberta de nomes.
- Homens ilustres, disse.

Os meus não estavam lá.
Peguei no giz e escrevi:
F.
Assim, não era apenas eu,
mas todos nós.

Outra nave.
- Destino?
Desconhecido.
Nada a temer,
- entrei.
Outra ilha viria
do cais que ficava.

Ao longe,
uma linha ténue de horizonte,
Era a bruma, tranquila,
vítrea, solene:
- a bruma das palavras
que desarmava.