24/01/14

Quem entendesse na língua das aves

Choraste no meu ombro
como uma criança nua.
Era o amor, dizias.
Um amor a partir,
ou já ido.
De ti, sabias agora pouco;
e do amor, nada sabias.
Da janela via-se a tarde,
a rua cinzenta e mansa
e a tua voz imensa, soluçada.
Dei-te o meu ombro
como dá a praia colo
onde a onda se parta
areia vítrea,
onde a raiva se escorre
fundida, sangrada.
Ah, quem entendesse
na língua das aves
palavras verdes
esperança
e estendesse o desamor
à desolação da temperança:
o beijo é um sopro
se o lábio se aparta.


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