16/04/08

Sortes

Se eu soubesse que o regresso
Era apenas sorte
E os caminhos apenas destino

Se eu tivesse parado
Antes de fazer minha tanta estrada
E de tantas copas sombra clara

Talvez alguém estivesse
Na pedra rasa, no cimo terno da encosta
Com uma flor, ou pétala, ou fonte
Ou apenas, um olhar.

Se eu soubesse que à resposta
Sucumbem desejos,
E que às esperas tardias
Nem sempre se chega,

Talvez rezasse,
Para que o tempo fizesse em mim
A sua casa de pedra, sal, terra e massa
Abrigo recolhido, de horizonte e espaço,
E sorteava no partir,
A minha parte de sorte,
A minha quota-parte, eterna e sincera,
Do regresso da morte.

2 comentários:

Anónimo disse...

Lindo!!!

Anónimo disse...

a fazer da morte a pedra angular da vida. e do poema. muito bonito!