18/11/05

Há um trilho que piso,
Porque sou chão, estrada.
E caminho.

Há o ar que respiro,
Porque sou célula, pulmão.
E destino.

Há os mares que cruzo,
Sou ilha, descoberta.
Sou um rio que corre só,
Sou planície e Deserta.

Há uma árvore que tomba,
E outra que nasce.
Quando sou terra, semente,
Ou lâmina e aço.


Sou linhas e curvas,
E réguas, compasso
Se sou tinta, abandono.
Se sou ponto, sou espaço.

Há uma sombra que me colhe,
Sou aragem, fim de tarde.
Maio.

Há o abismo que me chama,
Porque sou escarpa, e sem razão.
Caio.

Há as palavras que evito,
Pois sou carta, sou correio.
Mensagem destemida,
Sou pergunta que receio.

Há uma réstia de sal,
Já sem sangue, só ferida
Sou um mar morto que afaga.
Pois sou Faro, sem salina.

E porque sou tanto do mundo e sou tão pouco,
E todos os dias me custa tanto só ser,
Espero ser todo o mundo mais um pouco,
Para que todos os dias me possam sempre nascer.

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei muito destes dois poemas que postaste. Fico à espera de mais...
Um abraço
;-)