Dormíamos nuas,
De pernas enlaçadas e peles sentidas,
Arrepiadas pela aragem suave de Junho,
Que chegava numa golfada de cortina macia.
Dormíamos nuas,
Na paz tranquila do desejo,
Agarradas à paixão satisfeita de ser
Apenas corpos despidos que se tocam.
Dormíamos nuas,
Trocávamos dedos e mãos,
Abraçadas no aconchego vazio
Da cama quente que gemia, silenciada.
Dormíamos nuas,
E os nossos medos eram fingidos,
Viagens amadas de corpos cruzados,
Cansados de esperar à noite a madrugada.
Dormíamos nuas,
Nessa manhã de Junho que tardava,
Em que os nossos toques se nunca tocaram,
E os nossos amores nunca se acordaram.
Dormíamos nuas,
Numa manhã abraçada de Verão,
Almas tranquilas deitadas,
Num lençol quente de memórias boas.
Dormíamos nuas,
Porque vivemos muito.
E porque éramos tanto as duas,
Adormecíamos, e éramos apenas pessoas.
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