21/05/09

Vulto na janela

Sei que espreitas pelo vidro triste
e lhe encostas o ouvido
auscultando a minha voz.

Sei dos teus caminhos desviados
a passar o meu,
das sombras nubladas
em cuidados que te amparam,
da procura fugidia
de me fazer um pouco teu.

Pensava que eram tuas
as mãos que me trariam rosas frescas
a cada manhã pura,
cavando a dedos de ternura
os sulcos dos amores passados.

Mas espreitas esguia pela triste vidraça,
e quando abro a porta
só o horizonte me sussurra
- o tempo de escutar também passa...

Sem comentários: