Olha
Sou poeta equilibrista
E o meu livro é esta pista
De trapézio e parede
Olha
Sou asceta saltimbanco
Um pobre trapezista
Voo céu na minha rede
Sou especial
Sem superfície nem fundo
Só profundidade
Sou irreal
Eu não sou deste mundo
Já velho a ter idade
Olha
Nem palhaço nem artista
Sou poeta pugilista
Por teus punhos derrotado
Escuta
Eu não falo, linguarejo
Que as palavras são um beijo
Pirueta do meu fado
Sou espacial
Sem superfície nem fundo
Sopro, fuso, tempo
Sou sideral
Sou o éter deste mundo
Trapezando pelo vento:
Não há (em mim) tempo
A perder tempo