10/09/13

Quando eu voltar


Quando eu voltar
Ponham flores na janela
E encham as ruas de gente
de cravos rubros à lapela
E uma salva-de-almas a dançar

Quando eu chegar
Façam brotar de novas fontes
rios de água em pedra dura
a desvelar nos horizontes
as mãos lavadas da ternura

Se eu não ficar
Culpem o mar que me chama
Que o meu olhar de penitente
Só se aquieta quando ama
o porto-peito já ausente

Se eu não voltar
acendam velas de finado
e digam "morreu afogado
no corpo feito da cidade
onde nasceu a liberdade

onde viveu a liberdade
onde se deu à liberdade".