08/06/12

Poeta equilibrista

Olha
Sou poeta equilibrista
E o meu livro é esta pista
De trapézio e parede

Olha
Sou asceta saltimbanco
Um pobre trapezista
Voo céu na minha rede

Sou especial
Sem superfície nem fundo
Só profundidade

Sou irreal
Eu não sou deste mundo
Já velho a ter idade

Olha
Nem palhaço nem artista
Sou poeta pugilista
Por teus punhos derrotado

Escuta
Eu não falo, linguarejo
Que as palavras são um beijo
Pirueta do meu fado

Sou espacial
Sem superfície nem fundo
Sopro, fuso, tempo

Sou sideral
Sou o éter deste mundo
Trapezando pelo vento:

Não há (em mim) tempo
A perder tempo