03/05/10

Adormecer

Um quarto fechado
e carne.
Carne que se toca e banha
nos perfumes sensuais dos bálsamos
como água escorrendo entre areia
- quem dera ser grão.

Suspensos depois
os hálitos cansados
dos equadores virginais
- calor, humidade, paz
Névoa densa,
Janeiro são.

Depois,
abrir a fresta de janela
aos ares serenados
de uma noite fria
que nem o silêncio desfaz.

E adormecer,
enconstando a cabeça
à brisa macia que se ajeita e aninha
na pele já enxuta
de prazer.

02/05/10

Um ponto central

Sempre me fascinaram as coisas pequenas. Fazem vacilar entre o espanto do belo e o hediondo, no mistério das formas indiscretas e o sensível balanço à aragem-ventania que passa. Na sua comprovação da limitação dos sentidos remetem-nos ao meio-termo, como tampão de uma solução que nunca precipita.

Ao grito, ao sussurro, à incandescência de uma tarde gloriosa, à ânsia de um passo em noite escura, reagimos na exaltação do medo, na regulação e regresso súbito desse bem-estar súbito do médio.

Como é triste mais não se ser, em tudo, do que um ponto central na escala incomensurável do tédio...