29/03/10

Palimpsesto

Comprei os livros que amavas
tentando escrever-me em folhas também.


Busquei as palavras desconhecidas
em que as nossas conversas tropeçavam
e fui remendado pouco a pouco
os buracos que a vida colocou na minha
estrada de saber.


É que eram todas ignorantes,
as palavras,
se a linguagem pura do amor
não pode sequer ser dita!

Mas nunca isso bastou
para te fazer voar.


Em cada palavra nova
eu via dias amenos de primavera,
nas estantes cresciam ninhos
de páginas brancas repletas de
ovos por abrir!

E nunca encontrei nos livros
por que nem um adeus deixaste
no teu silêncio
de partir.