30/04/08

Aparição

Trazias mãos descalças
E pés porosos, de pele lixiviada
A face, rubra-quente,
Exalando odores puros
De uma manhã fresca de Dezembro.
De voz-cristal,
Os olhos eram água.
E corrias abraçada nas margens
De Oceano-lavado
Nas aragens húmidas
Das noites curtas de Setembro.
O teu cabelo podia ser leito,
O teu amparo, peito .
Mas fugias e chegavas,
E partias,
O querer rareado,
Infinito perfeito, amor primeiro
De quem se não pouco quer
No teu beijo, curto-raro
Lábio-carne enrubescido

De tarde que tarda eterna
Fria
Em Janeiro.

16/04/08

Sortes

Se eu soubesse que o regresso
Era apenas sorte
E os caminhos apenas destino

Se eu tivesse parado
Antes de fazer minha tanta estrada
E de tantas copas sombra clara

Talvez alguém estivesse
Na pedra rasa, no cimo terno da encosta
Com uma flor, ou pétala, ou fonte
Ou apenas, um olhar.

Se eu soubesse que à resposta
Sucumbem desejos,
E que às esperas tardias
Nem sempre se chega,

Talvez rezasse,
Para que o tempo fizesse em mim
A sua casa de pedra, sal, terra e massa
Abrigo recolhido, de horizonte e espaço,
E sorteava no partir,
A minha parte de sorte,
A minha quota-parte, eterna e sincera,
Do regresso da morte.

14/04/08

A não perder...



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