15/06/06

Exílio




















O autor desta foto, dedicou-a a um amigo, chinês, exilado em Paris desde os eventos de Tiannamen. Descobri-a por acaso, num site de fotografia amador.

Ser-se exilado, por causa de Tiannamen é fazer parte da História, no seu sentido mais global. É-se de carne e osso, sofre-se. E é-se parte da História.

O senhor fotografado é cego, e vive junto ao rio YangTsé, na China. Deve ter nascido ao mesmo tempo que a própria China - e nunca deve ter ouvido falar de Tiannamen...

Creio que gostava de, pelo menos, ser amigo ou conhecer uma parte da História - que magnífico privilégio!

11/06/06

Madrigal

Fui ouvir Eugénio porque era tarde, uma tarde cinzenta e bela, mergulhada em pingos de uma calma que chovia, e que falavam, caindo sem colo, perdidos na imensidão do dia.

Fui ouvir Eugénio, numa sala de pedra fria, com o chão coberto de árvores rasas, desfeitas em tábuas sem nome, e que, rangendo, sem copa morriam.

Fui ouvir Eugénio, e fui só, porque lá encontrei o mundo inteiro, nas palavras-poemas do velho mestre, morto de poesia.

Fui só, mas voltei cheio, alegre de ter sido, voltei cheio da tarde cinzenta e fugidia, e ainda creio que deixei uma chuva inteira de mim, escorrendo para sempre nas folhagens das palavras cortadas da escuridão, como ramos que tombam pregados ao chão.

Fui só, fui ouvir Eugénio, numa tarde cinzenta e fria, esperando que todas as tardes aguardem o seu renascer num novo dia.

Lisboa, 4 de Março de 2006

09/06/06

Tempo


Passou tempo a mais, desde a última missiva que coloquei neste espaço. Tempo a mais para mim, apenas.
As razões desta ausência foram várias, sobretudo um adiar da escrita para outro dia, durante dias a fio.

No fundo, quando conseguimos adiar a escrita, apenas admitimos que ela não nos convence.

Com tudo o que de bom ou mau daí possa advir, hoje já não a consegui adiar, e ela aqui fica, com alguns testemunhos da últimas semanas.

1)

"Intitula-se “Estudos sobre Cultura Popular”, a obra editada agora pela Câmara Municipal de Ponta Delgada, no âmbito do IV Encontro de Cultura Popular.










O livro, com coordenação da doutora Gabriela Funk, da Universidade dos Açores, constitui uma homenagem” da autarquia e da Universidade ao escritor e investigador José de Almeida Pavão que em muito contribuiu para o reconhecimento e valor da Cultura Popular Açoriana.

A publicação desta obra surgiu do III Encontro de Cultura Popular (realizado em Abril de 2005), e inclui poemas e outros textos dedicados a Almeida Pavão por autores como Mário Cabral, Rafael Fraga, Alexandre Borges, Nuno Costa Santos e João Luís Medeiros."
in http://www.acores.net/noticias/view-12190.html

Parece que alguém gostou dos "Pássaros", que escrevi em Dezembro de 2004 e publiquei aqui no blog recentemente... menos mal.

2)









O festival já foi... e ainda promete!